segunda-feira, 30 de maio de 2011

Novo kit Escola sem Homofobia será produzido ainda este ano, informa imprensa

http://www.agenciaaids.com.br/

Novo kit deve sair neste ano, diz Haddad

O ministro Fernando Haddad disse ontem em São Paulo que o kit anti-homofobia deverá ser refeito e estar pronto ainda neste ano para distribuição em 6.000 escolas do país que registraram casos de agressões e discriminação contra gays, lésbicas e transgêneros.

Segundo o ministro, toda a celeuma em torno do kit acabou sendo "benéfica, porque o tema entrou na agenda". "As pessoas estavam muito desinformadas", disse.

Criticado principalmente por parlamentares evangélicos, o material foi alvejado na quinta pela própria Dilma Rousseff, que disse ter visto em peças do kit "propaganda de opção sexual".

No mesmo pronunciamento, aproveitou para chamar para a Secretaria de Comunicação da Presidência a responsabilidade final pela aprovação de material produzido por órgãos de governo, como MEC e Ministério da Saúde, e que tratem de costumes ou valores culturais.

Probabilidade

Ontem, Haddad disse que a presidente criticou particularmente o filmete chamado "Probabilidade", que apresenta a situação de um garoto bissexual.

Segundo ele, Dilma ficou contrariada com a mensagem final, em que voz em off diz que o garoto, "gostando dos dois [de meninos e meninas]", duplicava a "probabilidade de encontrar alguém por quem sentisse atração".

"Não tem a ver com probabilidade, isso. Essa conclusão é inadequada, porque sugere que [o bissexualismo] é uma coisa boa. E nós não temos de entrar nesse mérito; só temos de dizer que as pessoas têm o direito de não ser discriminadas", teria dito a presidente ao ministro, segundo relato dele. Haddad disse ter concordado com a crítica de Dilma.

Além desse filmete, o kit de trabalho do projeto "Escola sem Homofobia" incluiria ainda outros dois vídeos sobre transexualismo e lesbianismo, além de um livro de orientação aos professores.

Segundo o ministro, o material anti-homofobia ainda deveria passar por uma série de críticas técnicas e científicas, feitas por educadores e psicólogos.
Haddad afirmou que o kit vem sendo elaborado há três anos, período em que se produziram vários protótipos de filmetes e materiais de apoio. "Nesse período, vários desses materiais já foram descartados e outras mudanças ainda seriam feitas, antes de o material final ser encaminhado às escolas."

Homofobia

Os 6.000 colégios para os quais o MEC pretende endereçar o kit são onde houve casos de homofobia -o país tem 27 mil escolas de ensino médio, segundo dados do Censo Escolar 2009.

Em princípio, o material seria voltado aos professores, que decidiriam sobre a conveniência de usá-lo. Segundo o ministro, o alvo são alunos do ensino médio.

Para a professora de filosofia da educação da Uerj Lílian do Valle, sem preparação adequada de docentes, o kit poderia ter efeito contrário, e "alunos homossexuais poderiam acabar mais expostos".

"Há uma supervalorização do material escolar, como se ele se bastasse. O professor é que dá sentido a esse kit."



Kit anti-homofobia foi deturpado, diz movimento gay

Representantes do movimento gay da cidade repudiaram a postura dos deputados federais da bancada religiosa que foram contra a distribuição do kit anti-homofobia do MEC.

Para Fábio de Jesus Silva, 22, da ONG Arco-íris, e Nélio de Figueiredo, 50, da Diversidade, houve "deturpação" dos objetivos do material.
Eles criticaram a forma como a crise com Antonio Palocci (Casa Civil) foi usada para barrar a iniciativa, como noticiou ontem a Folha.com.



Para pedagoga, professor é que dá sentido a material

Para a professora de filosofia da educação da Uerj Lílian do Valle, sem preparação adequada dos professores, o kit anti-homofobia poderia acabar tendo efeito contrário ao planejado e os alunos homossexuais poderiam acabar "mais expostos".

"Há uma supervalorização do material escolar, como se ele se bastasse. O professor é que dá sentido a esse kit. O professor pode pegar esse kit e levar para um lugar completamente contrário do que se quis."

Para a professora, é "perverso esperar que a escola faça um trabalho que a sociedade ainda não conseguiu fazer". Ela diz que o ideal seria preparar os professores para discutir o tema da homofobia, e não começar a tratar da questão com a imposição de um kit "enorme".

"A escola não pode ser refém de um movimento que é a sociedade que tem que fazer", diz.




Fonte: Folha de S.Paulo

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