domingo, 10 de abril de 2011

Contracorrente encena fantasia homoerótica do Peru

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“Contracorrente” foi o escolhido do Peru para concorrer a uma vaga no Oscar de filme estrangeiro deste ano, mas foi eliminado logo na primeira etapa de seleção – junto com “Lula, o Filho do Brasil”. Sem uma campanha maciça como a de um “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005), seria muita ousadia a Academia selecionar um típico representante LGBT independente.

O filme tem como protagonista Miguel, um pescador prestes a ter o primeiro filho. Ao mesmo tempo que está feliz por construir uma família com a esposa, Mariela, vive um romance com um pintor que aportou há algum tempo na região.



Usando de fantasia e locações praianas à moda dos romances de Jorge Amado, “Contracorrente” funciona um pouco como um “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976) às avessas. O diretor e roteirista Javier Fuentes León constroi uma grande metáfora do sentimento gay, de só se sentir à vontade ao lado do parceiro na intimidade solitária. A possibilidade de a sociedade reagir a um casal homossexual com naturalidade e indiferença é bem explorada pelo fator fantástico, que, clichê ou não, piegas ou não, neste caso é útil.

Admira-se a ousadia de Cristian Mercado e Manolo Cardona em protagonizarem tórridas cenas entre si, mas infelizmente não é sempre que convencem. As coisas vão muito bem, mas só até o ponto em que a emoção precisa aflorar e estes momentos cruciais não são tão convincentes.



De todo modo, é bom saber que o gay no cinema, ao contrário da TV, já deixou de ser tratado estereotipadamente há algum tempo e é ainda melhor ver que bons produtos têm vindo até de terras de pouca tradição em cinema. Nem só de Claudia Llosa vive o cinema peruano.




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