Deixo aqui uma triste notícia para a população LGBT que foi publicada hoje no jornal JN.
Depois de, há quase 4 meses, ter sido aprovada no parlamento a proposta do BE de retirar perguntas relacionadas com a orientação sexual dos dadores de sangue no questionário a que os mesmo têm que responder, acabando dessa forma com a discriminação aos homossexuais e bissexuais na doação de sangue (discriminação essa que partia do preconceito, errado, de que existiria maior risco de DST na população homo e bissexual) o Ministério da Saúde afirma agora que não vai alterar essa questão sobre a orientação sexual no questionário dos dadores de sangue e da respectiva exclusão dos homossexuais/bissexuais masculinos.
Porquê essa discriminação/exclusão de homossexuais e bissexuais masculinos não faz sentido nenhum? Vejamos os dados:
O último relatório da Coordenação Nacional para a Infecção por VIH/Sida, relativo ao ano de 2008, refere terem sido recebidas no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge notificações de 2668 casos de VIH, sendo que 1201 diagnosticados nesse ano.
E desses 1201 casos de VIH diagnosticados nesse ano, a categoria de transmissão "heterossexual" correspondeu a mais de metade (57,6%) dos casos de VIH; a transmissão associada à toxicodependência 21,9% do total de casos e apenas 16,8% de pessoas homo/bissexuais.
E mesmo assim, com dados oficiais e concretos de que a maioria dos casos de VIH diagnosticados em Portugal corresponde a pessoas heterossexuais e não de pessoas homo ou bissexuais, mesmo assim, o Ministério da Saúde vai ignorar o que o parlamento decidiu em Abril a esse respeito, e vai manter a exclusão de homossexuais e bissexuais masculinos da doação de sangue e da possibilidade de salvar vidas... (E depois queixam-se da falta de sangue nos bancos de sangue em Portugal...)
Portanto, os homens homossexuais e bissexuais continuarão a ver a sua vida sexual exposta a desconhecidos, num questionário, e a serem excluídos de doar sangue e poderem salvar vidas (como se o sangue de um homem homossexual ou bissexual fosse diferente ou pior do que o sangue de um homem heterossexual...); uma exclusão que acontece se responderem «Sim» à questão "Se é homem, alguma vez teve relações com outro homem?".
Se responderem afirmativamente, são automaticamente excluídos da possibilidade de doar sangue, de poder salvar a vida de alguém...
Infelizmente, neste país, um homem homossexual/bissexual para poder efectivamente doar sangue e dessa forma poder salvar vidas, tem que mentir ao responder a essa questão, tendo que esconder a sua orientação sexual e ver a sua dignidade humana fragilizada...
OS HOMENS HOMOSSEXUAIS E BISSEXUAIS TÊM DIREITO A PODEREM DOAR SANGUE SEM TEREM QUE NEGAR A SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL!
Só o Ministério da Saúde e o Instituto Português do Sangue não vêem isso...
Enfim... Neste país anda-se 1 passo para a frente e 2 passos para trás...
Deixo aqui a notícia que saiu hoje no JN a este respeito:
Aprovada há quase quatro meses, com a abstenção do CDS-PP, a recomendação apresentada pelo deputado bloquista José Soeiro era clara: visava a eliminação das perguntas sobre a orientação sexual dos dadores, em questionários nas unidades e serviços dependentes do Instituto Português do Sangue (IPS).
Mas o Ministério da Saúde não irá ter em conta tal recomendação, porque defende que o actual cenário impeditivo, para homens que tenham sexo com outros homens, irá manter-se à “luz dos procedimentos internacionais nesta área”.
Pelo menos, esta foi a resposta dada ao JN, pela tutela, semanas após a aprovação. Porém, já esta semana, fonte ministerial mostrou indisponibilidade para responder a questões sobre esta matéria ou a elucidar a recusa de não levar em conta tal projecto de resolução.
Aliás, já o presidente do IPS, Gabriel Olim, havia garantido ao JN, minutos depois da aprovação, em Abril, que aquele organismo não iria modificar as regras até o ministério se pronunciar e conhecer os estudos técnicos da recomendação bloquista.
“A proposta (do BE) choca com tudo o que é realidade internacional”, disse, então, frisando que os “dados apontam que homens que têm sexo com outros homens têm relações não protegidas”.
Segundo José Soeiro, após a interpelação em Junho ao Governo sobre a demora na aplicação de uma normativa que vá ao encontro de recentes directivas comunitárias, o Bloco irá questionar de novo a tutela.
O facto da orientação sexual ser considerada factor de risco, nas unidades de recolha de sangue, impede os homossexuais de fazerem a sua dádiva, logo que respondem afirmativamente à questão: “Se é homem, alguma vez teve relações com outro homem?”.
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